sábado, 18 de setembro de 2010

Capitães da Areia ( Jorge Amado)

Questões Sociais:

O livro mostra grandes preucupações e porblemas sociais- como a opressão do clero e das autoridades (o Padre José Pedro seria uma excessão a regra, já que ajuda os garotos e muitas vezes entra em problemas por isso)- denunciou maltratos de crianças e adolescentes que vivem em reformatórios (usando personagens como a costureira Maria Ricardina e o Padre, através das Cartas à Redação), reclamou a liberdade de religião- de uma forma discreta (pois nos anos 30 a religião católica era a única reconhecida pelo governo) e - pricipalmente- expôs a questão de menores abandonados  - no livro, represantado pelos  " Capitães da Areia"

Cartas à Redação

O livro começa com uma reportagem publicada no " Jornal da Tarde", na página de " Fatos Policiais" e algumas " Cartas à Redação"
A reportagem se trata de um assalto realizado pelos Capitães da Areia na residência do comendador José Ferreira, onde este diz que espera do '' Ilustre Chefe de Polícia"  devidas providências. O Chefe de Polícia passa a responsabilidade para o Juiz de Menores, que também foge dela. Logo após,  uma " mãe costureira- Maria Ricardina" envia uma carta ao jornal, denunciando os mal tratos que seu prórpio filho sofreu no Reformatório, pedindo para que o Diretor do Jornal vá fazer uma vista e confirmar as terríveis condições em que o estabelecimento se encontra e as quais os menores são tratados, que são confirmadas pelo Padre José Pedro. O diretor do Reformatório escreve também à redação, desmentindo o que foi dito e convidando o Diretor do Jornal ir fazer uma visita no Reformatório ( em dia marcado- é claro- pois segundo ele é de seu " costume nunca se afastar do regulamento")

1ª Parte- Sob a  Lua, num velho trapiche abandonado

"Sob a Lua, num velho trapiche abandonado, as crianças dormem. Antigamente aqui era o mar. Nas grandes e negras pedras dos alicerces do trapiche as ondas ora se rebentavam fragosas, ora vinham se bater mansamente. A água passava por baixo da ponte sob a qual muitas crianças repousam agora, iluminadas por uma réstia amarela de lua. Desta ponte saíram inumeros veleiros carregados, alguns eram enormes e pintados de estranhas cores, para a aventura das travessias maritimas. Aqui vinham encher os porões e atracavam nesta ponte de tábuas, hoje comidas. Antigamente diante do trapiche se estendia o mistério do mar-oceano, as noites diante dele eram um verde-escuro, quase negras, daquela cor misteriosa que é a cor do mar à noite."
Os Capitães da Areia eram crianças e adolescentes sem lares, geralmente órfãs, alguns entraram na vida do crime bem cedo. O grupo era composto mais ou menos por 100 integrantes. Tinham como líder Pedro Bala ( ganhou a liderança após uma luta com o C
aboclo Raimundo- antigo líder), era uma espécie de '' pai '' para os meninos, apesar de ter apenas 15 anos, tinha o papel de manter a ordem do grupo e de ensiná-los como agir em certas circunstancias.
O mais importante em ressaltar nessa 1ª parte é o contraste que mostra que em alguns momentos aquelas crianças, adolescentes, agiam com '' malícia'' de adultos, os roubos eram planejados, arquitetados minunciosamente, mas também mostra que apesar de tudo eles ainda eram crianças, possuem  desejos e vontades que toda criança '' normal'' possui. Um fato interessante é 
quando os garotos se atraem pelo " Carrossel Mambembe" ( um carrossel velho, enferrujado)  que chega.
( Pág 70- ' Edição da Livraria Martins) (...) " O grande Carrossel Japonês" era senão um pequeno carrossel nacional (...) de tão desbotada que estava a tinta, tinta que antigamente era azul e vermelha, e agora o azul era um branco sujo e o vermelho um quase cor- de - rosa (...). Nhôzinho França- o dono do carrossel- chamou  Volta- Seca e Sem- Pernas para ajudarem com o Carrossel, depois os deixou darem uma volta. Neste momento podemos ver-  claramente - neles o desejo, as vontades de qualquer outra criança. Volta- Seca por exemplo imaginava estar montado em um '' cavalo de cabeça de dragão''.
Outro fato marcante nesta primeira parte é 
quando a varíola ataca a cidade e acaba matando um deles, apesar da tentativa do padre José Pedro em ajudá-los, e tendo alguns problemas por causa disso.

2ª Parte- 
Noite da Grande Paz, da Grande Paz dos teus olhos

Dora  e seu irmão chegam ao trapiche. Essa segunda parte irá relatas a história de amor que surge quando Dora torna-se a primeira "Capitã da Areia". Apesar de inicialmente os garotos tentarem e
stuprá-la ( vale lembra que o 
 homossexualismo era comum no grupo, mesmo que em dado momento Pedro Bala tente impedi-lo de continuar, e todos eles costumam "derrubar negrinhas" na orla.) 
(Pág 190- 195) (...) Quem é, Professor? - A mãe e o pai dela morreu de bexiga. Tavam na rua, sem ter onde dormir. Gato olhou para Dora ensaiando seu melhor sorriso (...)- Boas- vindas, madame... (...) Boa Vida falou: - Quem é essa lasca? (...) - É um peixão... (...) Outro gritou : - Já tou com o ferro na brasa (...) João Grande continuou: O pai dela, a mãe dela morreu de bexiga. A gente encontrou ela, não tinha onde dormir, a gente trouxe ela. Não é uma p***, é uma menina, não vê que é uma menina? Ninguém toca nela, Bala.
Pedro Bala disse baixinho: - É uma menina...(...) Pedro Bala se aproximou de Dora: - Têm medo não. Ninguém toca em você(...)
Dora vira uma espécie de mãe para eles. Professor e Pedro Bala se apaixonam por ela, e Dora se apaixona por Pedro Bala. Ela em pouco tempo passa a roubar como um dos meninos. Certa vez Pedro e ela são capturados, eles são muito castigados, respectivamente no Reformatório e no Orfanato. 


Quando escapam, Dora se encontra muito enfraquecida. Eles se amam pela primeira vez na praia e ela morre, marcando o começo do fim para os principais membros do grupo.
(Pág 241) (...) A paz da noite envolve os esposos. O amor é sempre doce e bom, mesmo quando a morte está próxima. Os corpos não se balançam mais no ritmo do amor. Mas nos corações dos dois meninos não há mais nenhum medo. Somente paz, a paz da noite da Bahia. (...)

3ª Parte- 
Canção da Bahia, Canção da Liberdade

A morte de Dora 
 marca o começo do fim para os principais membros do grupo. "Canção da Bahia, Canção da Liberdade", a terceira parte, vai nos mostrando a desintegração dos líderes. 
Sem-Pernas se mata antes de ser capturado pela polícia que odeia (se joga do Edifício Lacerda), Professor parte para o Rio de Janeiro onde torna-se um pintor de sucesso, Gato se torna um malandro de verdade, abandonando eventualmente sua amante Dalva, Pirulito se torna frade, Padre José Pedro finalmente consegue uma paróquia no interior, e vai para lá ajudar os desgarrados do rebanho do Sertão, Volta Seca se torna um cangaceiro do grupo de Lampião e mata mais de 60 soldados antes de ser capturado e condenado; João Grande torna-se marinheiro, Querido-de-Deus continua sua vida de capoeirista e malandro, Pedro Bala, cada vez mais fascinado com as histórias de seu pai sindicalista, vai se envolvendo com os doqueiros e finalmente os Capitães de Areia ajudam numa greve. Pedro Bala abandona a liderança do grupo.Os demais capitães da areia se envolveram com as greves e lutavam a favor do povo. Alberto, um estudante, sempre os visitava e juntos lutavam pelo ideal grevista. Foi assim que Pedro Bala foi embora, a pedido de Alberto partiu pra organizar os Índios Maloqueiros de Aracaju, o posto de líder dos capitães de areia foi entregue a Barandão. Anos depois Pedro Bala era o ícone da luta do povo e todos pediam por ele. ( Terceira parte escrita com o auxílio do Wikipédia... rs)
( Pág 292) (...) De punho levantados, as crianças saúdam Pedro Bala, que parte para mudar o destino de outras crianças Barandão grita na frente  de todos, ele agora é o novo chefe.
De longe, Pedro Bala ainda Vê  os Capitães da Areia. Sob a lua, num velho trapiche abandonado, eles levantam os braços. Estão em pé, o destino mudou.
 Na noite misteriosa das macumbas, os atabaques ressoam como clarins de guerra. (...)

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